quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Ilha de Luanda

A Ilha do Cabo ou de Luanda é outro dos grandes símbolos de Luanda, provavelmente aquele que mais nos chama a atenção, pois a longa língua de areia de 11 Km que é na verdade uma pequena península, forma a tão famosa baía e protege a baixa da cidade das marés e, em outros tempos, servia de defesa natural. Falei com portugueses que aqui nasceram e contaram-me que nos anos 70, antes mesmo da independência de Angola que a ilha era praticamente selvagem. Existia um ou outro restaurante naquele extenso areal que ia da baía ao mar e cujas águas eram esverdeadas. Um cenário hoje impensável!

A Ilha hoje é totalmente diferente. As construções abundam, muitas delas irregulares na sua concepção e até apontaria para o ilegais, tudo aleatório e cada pequeno espaço que existe para se fazer mais qualquer coisa, não é desperdiçado. Existem vários locais que podemos escolher para frequentar, sejam restaurantes, bares de praia, hotéis ou mesmo locais de diversão nocturna. A areia da praia não é das mais limpas tal como a água, pois a frequência dos navios é tanta que certamente aproveitam para fazer algumas limpezas. Os vários pequenos pontões que dividem as várias praias entre cada restaurante devem ajudar a suportar a erosão natural do local.

Para além disso, a Ilha tem sofrido várias alterações e provavelmente as maiores estão ainda para chegar. Com a restauração da nova marginal, que terá ao longo dela mais faixas de rodagem e que obriga a várias operações de dragagem da baía e colocação da areia recolhida na nova extensão de terra, tem directamente impacto na sua requalificação que no seu princípio parece já estar quase completa. Existem vários espaços de lazer, passeios arranjados, jardins, estradas que outrora estavam cheias de buracos e que agora estão reparadas com um novo piso e, creio que futuramente, irão prolongar essa restauração até ao fim da Ilha o que obrigará à descontinuação dos vários espaços hoje existentes.

Daquilo que me contaram e do que posso ver hoje, antigamente a Ilha seria um verdadeiro sonho mesmo na cidade, com um parque de lazer para pique-niques entre outros enquanto que hoje é uma verdadeira chafarica! Não estaria a ser sincero se não usasse este termo. No entanto, o plano de requalificação a avançar é prometedor e espero que seja levado até ao fim, porque pior é impossível! Creio que ficará muito melhor, mas até lá, há que deitar abaixo muito do que existe, modificar toda a lógica das coisas e educar as pessoas para preservar o que se vai fazer. Caso contrário, depressa chegará ao estado em que está...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Fortaleza de São Miguel


A Fortaleza de São Miguel em Luanda é porventura um dos maiores símbolos da cidade, pois é bem visível lá no alto do morro, tendo a vista mais privilegiada para a baía, a imagem postal. É certo que hoje Luanda está completamente diferente, cheia de prédios modernos e muito altos que, a meu ver, descaracterizam totalmente a cidade que foi. Percebo que se queira dar um ar do modernismo, do desenvolvimento e da prosperidade até, mas ver um prédio alto ao lado de um edifício de fachada portuguesa de estilo colonial mesmo ali ao lado?! Não consigo entender... 

A Fortaleza é muito antiga. Foi construída pelo fundador da cidade, Paulo Dias de Novais em 1575 para defender a cidade. Durante a ocupação holandesa que durou 7 anos de 1641 a 1648 teve o nome de Fort Aardenburgh. Na reconquista, foi novamente renomeada para o nome actual, São Miguel, por Salvador Correia de Sá e Benevides, nome do seu santo devoto.

Hoje, alberga o Museu Nacional de História Militar, tendo dentro do recinto várias estátuas que deveriam estar na cidade nos seus pontos mais importantes de antigamente. Pelo menos assim se percebe pelas fotos antigas. Tem também 2 aviões antigos da força aérea portuguesa que parecem estar pelo aspecto exterior bem conservados. Dentro da fortaleza propriamente dita, o acesso estava vedado e tudo parecia em obras de restauro ou de construção para algo mais moderno. Aliás, parece existir um novo espaço de restauração do lado da Ilha do Cabo.

Para quem vem até à capital de Angola, é a não perder um passeio ao redor da fortaleza e ficar uns minutos sentado no muro a admirar a bonita imagem postal de Luanda, tal como referi no início desta mensagem.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

CAN 2012 - Gabão e Guiné Equatorial

A competição mais importante de desporto do continente africano terminou ontem com a final entre as equipas da Costa do Marfim, a grande favorita à vitória e a Zâmbia, a vencedora surpresa. O jogo terminou empatado a zero mesmo depois do tempo regulamentar. Já nos penalties, à oitava série, saiu o vencedor, depois da 7ª em que ambas falharam. Até aí, tinham sempre marcado. A Zâmbia ganhou ao longo da competição simpatia do público e na final os adeptos gaboneses apoiaram-na. Creio que terminou da melhor maneira, pois foi bonito ver-se a união dos jogadores e de toda a equipa.

A competição foi repartida pelas nações do Gabão e da Guiné Equatorial, onde os jogos tiveram lugar em 2 cidades de cada país: Libreville e Franceville no Gabão e Malabo e Bata na Guiné. Ambas passaram aos quartos de final, mas aí ficaram-se pelo caminho. O Gabão jogou bastante bem e até acredito que fosse uma forte candidata à vitória final, mas não conseguiu superar o Mali nos penalties.

Quanto a Angola, que com muita sorte se conseguiu apurar, não foi além da fase de grupos. Muita sorte, porque na última partida do apuramento, a selecção do Uganda que jogava em casa, não foi além do empate quando precisava de ganhar. Com a diferença pontual mínima, passou Angola. No CAN, a equipa começou bem, superando no primeiro jogo a equipa do Burkina Faso por 2-1, mas depois empatou com o Sudão 2-2 e perdeu, na partida derradeira por 2-0 com a Costa do Marfim. Angola nunca jogou grande coisa, onde só por rasgos individuais conseguiu superiorizar-se ao adversário. O avançado Manucho foi a grande estrela.

Para o ano, há mais CAN na África do Sul. A competição vai passar-se a jogar em anos ímpares. Foi um bom passatempo durante estas últimas duas semanas onde pude ver o futebol praticado com mais atenção deste continente.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Conversa angolana

Mondlane: Gingubinha, com'è?
Gingubinha: Com'è mano? Tá em dia...
Mondlane: Ya, tenho aqui um mambo que talvez estejas interessado... Queres ganhar algum jabá?
Gingubinha: Já sabes que para ganhar algum cumbu é comigo...
Mondlane: Ya, tá fixe!
Gingubinha: Mas não tem maca?
Mondlane: Nada! É só entrar... Ya?
Mondlane: Ya!!

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Mercado de Benfica

Nas próximas mensagens, vou falar-vos um pouco da capital de Angola, Luanda, nomeadamente dos pontos muito provavelmente mais procurados ou merecedores de uma passagem. Começo pelo Mercado de Benfica, já nos limites de Luanda a sul e ponto de passagem na estrada que segue em direcção à barra do Kwanza ou Cabo Ledo.

O Mercado de Artesanato tem várias bancadas onde estão expostas várias peças sejam esculturas, máscaras, etc. trabalhadas em madeira local ou em pau-preto, uma madeira mais valiosa. Além disso, podemos encontrar todo o tipo de bijutaria africana quer ao nível dos colares feitos de osso de elefante, pedras várias, madeira, ou até marfim. Sou contra a venda de marfim. Isso significa que algures no mundo um elefante será morto em virtude de alguém conseguir obter lucros com a venda ilegal ou não do marfim. Não basta, portanto dizer, que este que ali se vê já é de um elefante morto e portanto não tem mal. É mais que isso!!

Além de uma zona onde se encontram várias máscaras completamente desarrumadas que me disseram serem da região do Moxico, o Mercado tem ainda duas zonas para mim mais interessantes, pois não aprecio a arte africana, que são as zonas dos quadros e a dos cestos de verga. Já comprei 2 quadros, por sinal, foi aqui que pela primeira vez que vi quadros em acrílico que pareciam ser verdadeiramente pintados à mão. A grande maioria, estou quase certo serem feitos à máquina. Os cestos valem a pena, pois são feitos artesanalmente e dão jeito, seja para por o pão lá em casa ou fruta ou talvez até como objectos de decoração.

Creio que a melhor altura para ir ao mercado seja no final da tarde, quando os comerciantes avaliam as suas vendas do dia e estão mais facilitados a uma venda mais barata que é sempre negociável. Além dos quadros, já comprei alguns cestos e, como símbolo da minha passagem por aqui, uma pequena escultura do tão famoso Pensador.