sábado, 28 de janeiro de 2012

Clima em Angola

Ainda não tinha falado do clima aqui em Angola, mais propriamente em Luanda. Estamos já no final do mês, naquele que supostamente é um dos meses mais quentes do ano, mas o calor não é aquele que imaginava. Bom, creio que no fundo seja até normal, pois Angola tem um clima tropical, isto é, as temperaturas são bastante agradáveis ao longo do ano, raramente está abaixo dos 18ºC e poderá atingir nesta altura do ano os 35ºC com a humidade muito alta, a rondar os 80%. Há outro factor importante e que se sente especialmente durante a tarde que é o chamado efeito da corrente de Benguela, ou seja, é uma corrente fria que vem de sul e que deixa o ar mais seco. É raro o dia em que não se levante uma ventania na baixa de Luanda. Durante o Inverno, foi aquilo que já passei, o Cacimbo que também é originado pela mesma corrente e que deixa o ar ainda mais seco e com a típica neblina durante praticamente o dia inteiro. Falta ainda ver o que acontece na época das chuvas. Dizem que depois de uma grande chuvada, aí sim, faz muito calor! Veremos...

domingo, 22 de janeiro de 2012

Passeio#10 - Mussulo

O dia começou mal. Houve confusão inesperada com o carro e a ideia inicial depressa morreu. Mas depressa também encontrámos uma alternativa - o Mussulo. A ilha com maré cheia, península com maré vazia, era dos últimos senão o último dos locais a visitar das províncias de Luanda e do Bengo que ficam nas redondezas.

Apanhámos o barco no porto antes de Benfica que nos custou 1000Kwz para ir e voltar até lá. O Mussulo é um lugar bastante afamado devido à sua beleza natural, localização e ser especialmente um local onde a civilização ainda não penetrou em força. Por um lado é bom, por outro não tanto assim. Explica-se facilmente. À chegada, a vista é lindíssima, parecia-me o Brasil. Coqueiros, restaurantes com bar e música boa, areia branca, muitos barcos de recreio e de pesca, casas muito bonitas, enfim, parecia-me de facto algo diferente. Resolvi, pois é daquelas coisas que se tem que fazer uma vez, ir até ao outro lado da ilha, ou seja até ao lado do Oceano. Ainda é longe, cerca de 1Km. Tudo o que se vê retrata a falta de civilização que aqui sim deveria ter chegado. Casas certamente ilegais, construção aleatória, não há ruas, não há saneamento, não há organização, na verdade, não há nada. Só areia e casas que nasceram das pessoas que devem ali viver. Até há casas governamentais, de limpeza do lixo ou ministérios que deverão assegurar alguma organização da ilha, mas fica aquém do esperado. Chegado ao outro lado da ilha, tudo selvagem. O mar é bastante forte e não dá para um banho relaxado. Para quando uma estrada alcatroada e arruamentos como deve de ser? Algo assim parecido com o que existe em Cancún, por exemplo?

Enfim, foi um dia bem passado. Deu para relaxar. Pelo ambiente e pela falta de opções mais agradáveis, o Mussulo é uma boa opção para quem quer passar o fim-de-semana ou o dia fora. A água do lado estuário (vou chamar-lhe assim) é mais fria e está cheia de algas e algum lixo. Creio que para quem tenha uma moto de água, barco de recreio, uma canoa até, a experiência seja muito melhor. Para explorar a terra, pede-se uma moto 4. O dia teve para mim outro episódio triste. Uma gotícula de água salgada entrou-me para dentro da lente da máquina fotográfica e receio bem que o seu fim esteja próximo. Já tem 6 anos. Por sorte, ainda se consegue fazer fotografias sem se ver a mancha do sal, mas perdeu-se o zoom...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Passeio#9 - Cachoeira do Binga

Voltámos para norte, passando pelo Sumbe e metemo-nos pela estrada em muito bom estado que vai em direcção a Gabela. Há um anúncio que passa na RTP Internacional que mostra algumas grandes obras públicas feitas em Angola com o financiamento do Banco BIC em que revelam que esta estrada foi restaurada desta forma. Perto de uma aldeia chamada Quilunda, tivemos que parar porque a paisagem era realmente soberba. O rio Keve serpenteava a aldeia e havia um lago ali formado. Pouco depois estávamos na Cachoeira do Binga que tem um parque arranjado para apreciarmos a paisagem e até fazer um pique-nique. Muitos se referem a cachoeiras, mas de facto só há esta cachoeira central, muito embora hajam outras pequenas que são adjacentes, quase sem expressão. A ponte velha lá em cima dá outro ar à bonita paisagem, ponte essa que está desactivada, pois um dos arcos centrais cedeu certamente com a pressão da água que tinha bastante força. A vista lá de cima, da ponte nova, para baixo e para os rápidos que se formam são algo impressionantes.

Terminou por aqui o passeio. Pouco depois começámos o nosso regresso a Luanda. Haverá certamente mais alguns passeios, mas creio que as alternativas para passeios diários sem estadia fora, começam a ser muito escassos, dadas também as distâncias aos locais de interesse. Foi um dia muito bem passado e a Cachoeira do Binga que fica só a 26 Km da estrada principal, vale a pena visitar.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Passeio#9 - Kicombo

A 15 Km a sul do Sumbe fica Kicombo, onde desagua o rio Kambongo que vem de um desfiladeiro, cuja paragem é obrigatória. É um cenário bem bonito de se ver. Portanto, parar na ponte que atravessa o rio Kambongo. Aí, vimos várias mulheres a lavarem a roupa no rio, enquanto outras se ocupavam de apanhar bananas que vêm do baixio do rio que se forma em baixo do desfiladeiro. Vagueámos por ele, pois há escadas feitas de cimento recente que permite andar ao longo do rio e dá acesso a outras zonas muito verdes onde devem crescer mais frutos ou legumes.

Um pouco mais a baixo, depois de passar um péssimo pedaço de estrada, virámos à direita em direcção à praia e damos conta do nosso objectivo que era o Fortim de Kicombo. Nunca tinha ouvido falar em fortim e fiquei a saber. É como se fosse uma pequena torre ou bastião de pequenas dimensões de uma fortaleza. É só isto! Em cima, tem o canhão de ferro sem qualquer marca, já gasto pelo tempo, mas presumo que seja português como tantos outros canhões que por aí andam nas várias fortalezas que os portugueses cá fizeram. A paisagem deixada pelo leito do rio é bonita e trata-se de uma zona que podia estar muito mais bem explorada. Junto à praia, vêem-se também antigas fábricas deixadas pelas portugueses, agora desactivadas.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Passeio#9 - Sumbe

O Sumbe é a capital da província do Kwanza-Sul e tem uma previsão populacional de mais de 200 mil habitantes. No tempo colonial chama-se Novo Redondo. A cidade é delimitada a norte pelo rio Keve e a sul pelo rio Kambongo.

A primeira visão da cidade é bonita, pois descemos do planalto e temos toda a cidade à nossa direita com o mar ao fundo e todo o casario. Na descida e depois da placa que diz "Bem-vindo à cidade do Sumbe" a estrada faz uma curva muito apertada e já estava sem as protecções necessárias, o que sugere ser um óptimo local para lançarmos o carro bem a direito. Alguém voou literalmente para o Sumbe! Tal como em Porto Amboim, metemo-nos cidade a dentro para a conhecermos, indo em direcção ao mar e ao restaurante onde iríamos almoçar. A cidade tem mais presença colonial, pois as ruas onde passámos têm várias casas bonitas do tempo colonial, muitas delas infelizmente, no completo abandono. Parámos uns minutos no largo de um jardim, onde num pilar pintado de branco ainda se encontra o antigo símbolo português da cidade.

Comi um belo peixinho no restaurante Mar Sol e estava muito bom. Passeámos depois pela praia, completamente suja e nada sugestiva a algo mais. Ao longe, vimos a Igreja da Nossa Senhora da Conceição e fomos até lá para a conhecer. Sem mais, seguimos mais para sul, em direcção ao Kicombo para ver o seu Fortim.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Passeio#9 - Porto Amboim

Estou com sorte. O meu amigo Olímpio está por cá para as próximas semanas e com ele há passeios! :) Vinha com uma boa referência que eram as Cachoeiras do Sumbe. Disseram-me que eram a uns 40 Km da cidade e assim é. Vale a pena ir até lá!

Partida cedo de manhã em direcção, mais uma vez, a sul passando por Benfica em direcção a Cabo Ledo. Estou ao certo que estava a caminho do meu ponto cardinal mais a sul de sempre. Passagem pela ponte colonial sobre o Rio Longa onde parámos para tirar algumas fotos à paisagem verde. Aliás, a paisagem à medida que andamos muda com bastante frequência, mas há uma sensação nítida de tudo ser muito árido, devido à pouca vegetação, sem vida e bastante selvagem. Fora tudo aquilo que se encontra à volta do leito dos rios, a paisagem é bastante rasteira, havendo apenas alguns arbustos, os cactos gigantes e os imbondeiros.

Chegados a Porto Amboim, virámos em direcção ao mar, tentando ao mesmo tempo dar uma pequena volta pela cidade. Parámos num pontão e contemplámos a vista para o mar, praia e baías circundantes com um cabo a norte e a sul a completarem o horizonte. À partida, demos conta de uma locomotiva antiga que deveria ser usada então para transportar mercadorias do antigo porto, onde nos encontrávamos até aos armazéns que ali deveriam haver. À saída, vemos ao longe uma espécie de igreja com uma cruz lá no alto que parece simbolizar a cidade muito homogénea. Continuámos o caminho rumo à cidade do Sumbe para o bom almoço que nos esperava...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

As Acácias

Depois de ter visto a pequena imagem de uma Acácia Rubra nos pacotes de açúcar da Angonabeiro, despertou-me a atenção em saber que árvore era. Na estadia anterior descobri vários exemplares muito bonitos de Acácias, Rubras ou Laranjas, e são de facto árvores muito bonitas devido à sua flor, pois é exactamente assim que fazem lembrar, uma grande flor. Pois bem, já há uma diferença desde então. As folhas estão a cair e as Acácias passam a ser uma árvore igual a tantas outras, apenas esverdeada. Tal como as flores, só floresce naquilo que se pode aqui chamar de Primavera. É, sem dúvida, um símbolo de Angola!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Início da 3ª Parte


Estou de volta! O que me custou ter que vir novamente... Apenas 3 semanas em Portugal com a família para o Natal, Ano Novo e algo mais, sempre a correr de um lado para o outro. A viagem mais uma vez correu bem, com alguma turbulência em especial no Golfo da Guiné, mas desta vez com alguma claridade para visual para ver os detalhes do deserto rochoso lá em baixo. Alguns bancos de areia com formas muito engraçadas em cone viam-se cá de cima. Povoações e estradas sem fim, viam-se de quando em vez...  Na chegada, já se sentiu mais calor. Melhor dizendo, está mais abafado.