domingo, 13 de maio de 2012

Fim da 4ª Parte


Alvorada... Lisboa está perto. Findas as 6 semanas programadas desta minha última passagem por Angola regresso em definitivo a Portugal, o que marca o fim desta aventura. Poderei regressar num futuro mais próximo ou mais longínquo, mas para já o que foi planeado foi cumprido. O blog fica então em estado suspenso. Foi um passatempo ter escrito tudo aquilo que pude usufruir daquela terra africana que me acompanhou durante 9 meses e meio, com maior incidência nos passeios que creio terem dado a conhecer mais de perto o que é Angola. Até à próxima! ;)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Passeios#12 - Dondo


A ideia que tinha depois de Massangano era almoçar no Dondo. A verdade é que com o atraso na saída de Luanda e o tempo que se demora na estrada de Massangano, apenas chegámos perto das 15h00. Valeu a sandes que levei, caso contrário, não teria comido nada de jeito. Ainda propus tentarmos ir até à barragem de Cambambe, construída no tempo colonial, mas não tive a recepção pretendida dos meus companheiros de passeio. Não queriam chegar de noite a Luanda. Acabámos por fazer o mesmo que da outra vez que aqui estive, ou seja, tirar fotografias ao rio Kwanza e às pessoas que aproveitam para tomar banho e lavar a sua roupa. E lá, partimos depois de uma Eka no bucho. O engraçado é que parámos em Catete numa espécie de resort e aí ficámos a beber umas Cucas. Resultado: chegámos a Luanda à noite!

domingo, 6 de maio de 2012

Passeio#12 - Massangano

Durante a última semana recebo um e-mail inesperado de um colega da empresa a perguntar o que todos queriam fazer neste fim-de-semana. Praia, algum pequeno passeio, ou outra ideia qualquer? Bom, fico contente, pois é sinal que tenho hipótese de sair e, mais importante que isso, há passeio! Disparei com Massangano e a sua fortaleza e a ideia é aceite.

Partimos já bastante tarde, perto das 09h00 de Luanda em direcção a Viana que a esta hora já está bastante movimentada com o seus mercados de rua e as inúmeras pessoas que arriscam a vida ao atravessarem a larga estrada com 3 faixas de rodagem para cada lado sem qualquer sentido de responsabilidade ou noção do perigo iminente. É isto que provoca os longos engarrafamentos ou paragens forçadas ao longo de Viana que é sobejamente conhecida pelo seu caos. Passado o pior, seguimos até Catete e depois continuamos em direcção ao Dondo, passando o cruzamento da nova estrada que vai directamente para N'Dalatando que em Agosto passado nos daria tanto jeito quando visitei as imperdivéis Quedas de Kalandula (ex-Duque de Bragança).

Avistei o desvio de Massangano, que passa facilmente ao lado de quem vai a conduzir e metemo-nos pela estrada antiga do tempo colonial, grande parte dela já comida pelo tempo, mas ainda em razoáveis condições de condução. Parámos para contemplar a primeira paisagem sobre o rio Kwanza que deambula lá em baixo. Chegados a Massangano, paramos logo à entrada, pois logo ali está um edifício antigo português em ruínas que corresponde segundo a placa negra ao Tribunal - Casa de Reclusão. A partir daqui fomos parando sempre que possível para explorarmos as ruínas de antigos edifícios do antigo posto abandonado e que foi utilizado pelos portugueses do século XVI como refugio após a conquista de Luanda pelos holandeses.

Depois da Câmara Municipal, chegamos ao pretendido, a conhecida fortaleza de Massangano, o edifício bélico de defesa à cidade e construído à portuguesa. Na entrada está um símbolo de Portugal e duas placas de comemoração do monumento datadas do tempo colonial português do século XX. A fortaleza não tem grande coisa a explorar, pois está cheio de ervas altas tal como os anteriores edifícios, embora contenha 5 canhões de ferro. As janelas e portas à portuguesa são inconfundíveis. O melhor é a magnífica vista para todo o estuário do rio Kwanza que nos enche a alta e nos faz pensar o quanto os portugueses de então desperdiçaram aquilo que poderia ter sido algo muito mais grandioso, pois estava tudo nas nossas mãos, bem como tal monumento em tal paisagem é único e só possível encontrarmos aqui em África!

Fomos até mais à frente, até à igreja certamente recentemente pintada da Nossa Senhora da Victoria que está em muito bom estado de conservação quer no exterior e interior. Massangano do século XXI é apenas uma pequena aldeia isolada junto ao Kwanza que tem poucos habitantes que não têm a mínima noção do valor histórico em que estão inseridos. Quero arriscar dizer que Massangano foi o melhor local de Angola que já visitei, excepção às belezas naturais, pois constitui um marco histórico da ocupação portuguesa em território angolano e que embora tenha sido abandonado, foi importantíssimo no seu tempo. Aguardo que as autoridades dêem mais importância ao local, quer nos acessos, quer na preservação, pois Massangano faz parte da História de Angola. Visitem Massangano!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Igreja da Nossa Senhora do Carmo


A Igreja da Nossa Senhora do Carmo aqui em Luanda é sem dúvida um dos melhores, senão mesmo o melhor Monumento Nacional de toda Angola. Frase forte? A igreja se estivesse em território português seria sem margem para dúvidas uma igreja lindíssima de se ver, idêntica no seu género a tantas outras que existem, em especial no norte do país devido à decoração dos azulejos. Estando em Angola, é um edifício raro, valioso e felizmente encontra-se em muito bom estado de conservação.

Em 2009, a Igreja do Carmo foi nomeada para uma das 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo, mas acabou por não ser premiada. Em anexo apresenta um pequeno claustro que lhe conferia no seu tempo a designação de Convento sendo ocupado pelos carmelitas. A igreja chama logo à atenção quando se entra ao seu tecto em madeira pintado, bem como tal como já referi ao vasto conjunto de azulejos, que segundo a descrição histórica são típicos lisboetas do século XVIII, o que não deixa de ter piada com a correspondência que fiz em cima. Fica no Largo Irene Cohen e ao lado do edifício do Governo Provincial de Luanda. É pintada de cor-de-rosa no exterior.

Portanto, aos que não conhecem e que tenham curiosidade em conhecer os recantos desta movimentada cidade, não deixem de ir à Igreja da Nossa Senhora do Carmo que é uma belíssima surpresa. Para mim, é a cor no típico cinzento de Luanda. Como se fosse uma verdadeira lufada de ar fresco.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Passeio#11 - Cachoeira do Binga


A subida a Luanda fez-se sem qualquer sobressalto. A ideia era ir até à Cachoeira do Binga que já conhecia de um passeio anterior. Parámos no mesmo sítio onde tínhamos parado no Sumbe, e embora tenha insistido em almoçar no mesmo restaurante onde tinha ido, decidiram ir ao mesmo restaurante. 3 horas de almoço e comemos mal! Ora, isto implicou uma visita mais rápida às cachoeiras para um regresso também ele rápido dado que a entrada em Luanda começava a prometer algum tempo de espera, o que felizmente, não se veio a verificar. Acabou assim o fim-de-semana em Benguela. Foi bom ter ficado com um cheirinho de outras cidades de Angola que oferecem outra qualidade de vida, mas foi curto, cansativo e um pouco mal aproveitado. Talvez numa próxima oportunidade seja melhor.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Passeio#11 - Praia da Baía Azul

Aqui não há muito para contar. Chegámos, estendemos a toalha na areia, quiçá a melhor praia angolana, cuja cor é relativamente clara e água esverdeada, onde a temperatura estava ideal para estarmos confortáveis dentro de água. Contam-me que a água no Verão costuma ser um caldinho, mas da minha experiência não tem sido nada assim. Pela cor da água consegue ser ligeiramente melhor que a praia de Cabo Ledo. Almoçámos no único restaurante que havia. Foi um buffet que não estava nada mau. Muita gente, claro!

Depois de descansarmos, demos uma volta pela Baía Farta que é outra aldeia maior que a Caota, onde parece haver mais movimento portuário. Sem mais, regressámos a Benguela para o jantar e preparámo-nos para a viagem de regresso a Luanda do dia seguinte.

domingo, 15 de abril de 2012

Passeio#11 - Praia da Caotinha

Seguindo a estrada para sul de Benguela, passamos pelo Musseque igual a tantos outros, indo em direcção à Baía Farta. A estrada está em obras, mas um novo troço, parte dele já com asfalto deverá estar pronto em breve o que dará outras condições para quem vem aproveitar o fim-de-semana por estas partes. É notório mais uma vez a alteração da vegetação, agora quase totalmente árida, fazendo querer que o deserto do Namibe começa por aqui. Creio nunca ter estado num terreno tão árido quanto este. Chegados a um cruzamento, seguimos caminho para a Caota, uma pequena aldeia junto à costa. Subimos uma colina nada fácil por sinal e, uns metros mais à frente, chegamos a este cenário maravilhoso. Lá em baixo, fica a praia da Caotinha de águas cristalinas e areia muito clara. Visto o miradouro, voltámos ao cruzamento seguindo agora para a Baía Farta.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Passeio#11 - Benguela


Benguela é a 4ª cidade de Angola ao nível populacional, depois do Lobito e do Huambo. É uma cidade muito mais calma e pacata relativamente a Luanda, também não era difícil, e rapidamente sentimos uma sensação agradável de aqui estar, pois tudo é mais calmo, limpo e arrumado tal como no Lobito. Por sorte, lá foi aceite a sugestão de vermos um pouco da cidade, pois a intenção era ir logo até à praia e assim, passaria ao lado todo o nexo da viagem. Praia até há na ilha de Luanda! Viemos então dar ao largo dos Paços do Concelho onde estão presentes vários edifícios coloniais, felizmente muito bem preservados que dão mais cor e importância à cidade. No centro está um monumento empedrado que nos revela que a cidade comemorou em 1967 os seus 350 anos.

Antes de partimos em direcção à Baía Azul, parámos mais uma vez junto do Palácio do Governador que tem guardas à porta. A baía de Benguela logo ali ao lado dá-nos aquele ar exótico desta cidade tropical que precisávamos de sentir. Estávamos em África! Aqui sente-se algo diferente, não aquele caos sem fim de Luanda. O calor ajudou. À noite, parámos no conhecido Porta-Aviões que é um bar com a forma de um barco, certamente sobejamente conhecido pelos locais. Do pouco que se sentiu e viu da cidade, valeu bem a pena fazermos tantos quilómetros para vermos algo diferente e quiçá, aquilo que imaginávamos de Angola ou de África.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Passeio#11 - Lobito

Tive sorte. Os meus colegas da empresa lembraram-se de mim, algo raro em 4 das vezes que já por aqui ando, e convidaram-me para ir com eles até Benguela passar o fim-de-semana da Páscoa. Mil vezes melhor que ficar em casa fechado.

Bom, lá partimos de manhã muito cedo em direcção a sul, passando novamente por locais já conhecidos. Falo da paragem sob o rio Longa que tem uma paisagem muito característica, Porto Amboim, a cidade do Sumbe onde parámos para beber café e, finalmente, o desfiladeiro do rio no Kicombo que tem uma paisagem que vale a pena admirar. Depois de uma paragem forçada a meio do caminho devido a um acidente numa curva entre dois camiões, lá seguimos caminho mais para sul, para mim já uma novidade, em direcção à próxima cidade, Lobito. Depois do Sumbe, a paisagem é incrivelmente verde, muito diferente da paisagem habitualmente rasteira e meio árida característica até ao Sumbe. Começou a chover e depois de sairmos de Luanda, a paisagem até me parecia muito mais esverdeada, mas mesmo assim continua rasteira. Umas montanhas começam a aparecer à nossa esquerda, altas e até perder de vista. Provavelmente são elas as responsáveis pela paisagem ser tão verde.

Chegados ao Lobito, esperávamos uma cidade diferente das outras. Lá estava mais um Musseque igual a tantos outros já vistos em Luanda ou no Sumbe. Entrando na Restinga, vemos que tudo é diferente, pois trata-se do centro histórico e da parte antiga portuguesa que parece intacta. Comparada com a ilha de Luanda, pois são semelhantes geograficamente, a diferença é total. Aqui tudo está organizado, limpo e altamente bem pensado e construído, com uma via central. Os muros das casas são normais e não tão altos como em Luanda. Quem dera à ilha de Luanda ser assim! Parámos na rotunda onde no centro está o conhecido barco Zaire que parece ser histórico. Foi nele que José Eduardo dos Santos fugiu às mãos da PIDE portuguesa em Angola. Almoçámos no Zulu, um conhecido restaurante com uma bela esplanada ao ar livre que recomendo. Satisfeitos, partimos em direcção a Benguela, passando na estrada mais marginal e depois por Catumbela.

Fiquei com pena de não ter ficado mais tempo para conhecer a quarta cidade de Angola. Disseram-me que o Hotel Terminus era um local a não perder, mas nem sequer dei conta dele. Pode ser que venha novamente ao Lobito e com mais intenções de conhecer tudo aquilo que seja histórico e novidade.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Feriado de 4 de Abril - Dia da Paz

Ontem foi feriado aqui em Angola, dia em que se comemora os 10 anos de paz do país, depois de mais de 20 anos de guerra civil. As comemorações ocorreram na cidade de Luena, na província do Moxico, que faz fronteira com a Zâmbia. No dia 22 de Fevereiro de 2002, Jonas Savimbi é aqui assassinado abrindo então a possibilidade ao acordo de paz assinado pelos dois partidos, o MPLA de José Eduardo dos Santos e a UNITA. Para comemorar o feito, foi inaugurado um monumento em honra aos heróis da pátria. Sem dúvida que é um dia feliz para esta nação.