Passeio#7 - Parque Nacional da Quissama

Pela primeira vez, circulou um mail em que se propunha organizar um ida até ao Parque Nacional da Quissama entre os colegas da empresa e até são alguns. Um passeio não se pode dizer que não, ainda para mais quando se vai pela primeira vez ver uma espécie de Reserva Natural de animais selvagens. O Parque  ainda ocupa uma grande área que começa logo abaixo do rio Kwanza. Poucos quilómetros mais à frente, chegamos até à indicação para a recepção do Parque que ainda fica a 40km de distância, picada a dentro. A paisagem não muda, sempre igual, seca, imbondeiros, cactos gigantes, etc. Depois de passar pelo controlo do Parque que é cercado por uma rede electrificada, custando por carro 1000 Kwanzas, entramos mais a sério no Parque, onde já começamos a ver várias gazelas que fogem ao barulho dos carros e algumas aves.

O recinto da recepção é bastante agradável, arranjado e com um potencial futuro, tendo vários bungalows onde se pode pernoitar. A visita que custa 2800 Kwanzas por pessoa é feita num camião antigo pertencente ao exército português e segue em direcção ao rio que se vê lá do alto. Uma paisagem que só não é mais bonita devido à neblina que teimava não ir embora. Por entre mais antílopes que insistem em fugir para desespero nosso em lhes tirar uma fotografia e aves, lá avistamos uma avestruz que se foi afastando devagar. Não demorou muito até o entusiasmo subir. Avistámos uma manada de girafas, umas 15, que ali ficaram à volta de uma árvore, talvez porque haviam crias entre elas. Aproximamo-nos o máximo possível e aí sim, fotografámos à vontade. Este macho que mostro na foto é sem dúvida um belíssimo animal que toda a gente ficou de boca aberta.

O melhor da aventura porém estava por vir. Ficámos contentíssimos por ver ao longe uma pequena manada de elefantes que tomavam banho junto ao rio, mas foi por pouco tempo, pois o elefante que protegia a manada além de não nos deixar aproximar, não se intimidou nada. Investiu e fomos nós quem teve de fugir! :) O regresso para um bom almoço merecido deu-se em seguida. Antes dos elefantes ainda passaram umas gungas, que são o maior antílope do reino animal segundo o condutor, ainda maiores que a Palanca Negra Gigante que não existe no Parque com grande pena minha. Pelo factor surpresa oferecido pela própria visita, sendo esta a primeira visita a um Parque do género, acho que valeu bem a pena, pois é sem dúvida estupendo ver o reino animal ao vivo, ao invés do habitual National Geographic que dá todos os Domingos de manhã desde há muitos anos...

Passeio#6 - Praia de Santiago

Depois de passar a nova ponte que veio a substituir a antiga que impediu a invasão do FNLA a Luanda, onde parámos para tirar umas fotos só para perceber a ideia do local, seguimos em direcção a Panguila e ao novo mercado do Roque Santeiro. Chegando à padaria, seguimos pela estrada à direita e continuamos sempre, sempre em frente até chegar ao fundo do cabo. Não esperávamos tamanho calor humano, isto é, se da última vez o local parecia ser tão remoto e abandonado, então desta vez foi exactamente o contrário. Muita gente, muita festa, muita comida e bebida, todos a curtir a música alta que se ouvia aqui e ali, uns encostados aos barcos, outros nas dunas formadas pela areia, enfim... um ambiente festivo a condizer com aquele Domingo soleiro. Devo dizer que os barcos ficaram completamente para segundo plano, pois muitas das pessoas ao verem-nos de máquina fotográfica na mão, só nos pediam para que lhes tirassemos um fotografia. E assim fizemos. Aliás, já havia negócio em mente, pois acredito que por uns poucos kwanzas até poderia ser lucrativo e seria um serviço útil à população. O Karl Max, o Moncloa ou o Cabo Ledo devem ser testemunhas destas festas que até ultrapassavam o tentado ao pudor :) Por fim, esbarrámos com uma placa de madeira que dizia a letras azuis que a partir dali era considerada Zona Militar e, portanto, ficamos por ali... Antes de voltarmos para casa, paragem para comprar pão e paio para fazer umas sandes e beber uma bjeca nos restaurantes que se encontram na estrada. Foi um Domingo bem passado...

Passeio#6 - Kifangondo

Finalmente, chegaram os passeios! Sem carro fica complicada a estadia e as saudades de casa aumentam. Até é bom haver um maior índice de trabalho, pois o tempo passa e estou ocupado. Saída em direcção ao norte de Luanda para um regresso à Praia de Santiago ver o resto dos navios encalhados. Da última vez, só vi os primeiros navios que se vêem da estrada, passando pela padaria já no Panguila. Antes de chegarmos à primeira ponte que atravessa o rio, fica o Memorial de Kifangondo que comemora a vitória do MPLA à tentativa de invasão da região e capital Luanda por parte do FNLA. Destruíram a velha ponte de modo a impedir a passagem e os pântanos que se encontram em toda a volta fizeram o seu trabalho. O memorial está bem concebido, estando construído até sob forma dos símbolos que aparecem na bandeira de Angola, nomeadamente a estrela e a catana. É um local agradável que contrasta com tudo o resto. Algumas Acácias-Rubras, uma bonita árvore que até já tive oportunidade de mencionar, dão cor ao local histórico. 

Registo eleitoral

Promove-se o registo eleitoral dos cidadãos para as próximas eleições que se devem realizar em 2012. Fundamentalmente, creio que se creia promover também outra coisa, o registo populacional. Para terem uma ideia, não se sabe com certeza quantos habitantes existem no país. Que coisa tão bizarra! De facto, nas comemorações do 11 de Novembro, um membro do governo referiu isso dizendo que era um dos próximos passos rumo ao desenvolvimento do país.

Fiz uma pesquisa no google e os resultados foram tão aleatórios como a minha pesquisa sobre a população de Angola. Muito provavelmente a informação estará desactualizada. A Wikipédia refere que a última estimativa de 2009 foi de mais de 18 milhões de habitantes. Já o Portal do Governo da República aponta para os pouco mais de 15 milhões. Um outro site igualmente conhecido, o Angola Global diz que a população é de 21 milhões e, finalmente, a Embaixada de Angola em Portugal diz que existem somente 12 milhões de habitantes.

Por curiosidade, segundo a Wikipédia, o último Censo de se fez em Angola foi em 1970. A população de então era de pouco mais de 5,5 milhões de habitantes.

As Maravilhas de Angola - Acácia-Rubra

Também chamada de flor-do-paraíso, é considerada uma das árvores mais belas do mundo. Em Novembro, Benguela floresce em esplendor de vermelho intenso, fazendo jus ao seu outro nome: a Cidade das Acácias Rubras.

Estas foram as 10 Maravilhas de Angola apresentadas pela Angonabeiro. Para mim, ficou em falta as Quedas de Kalandula que são sem dúvida um espectáculo de se ver.

As Maravilhas de Angola - Etnia Himba

A etnia Himba habita a região sul de Angola e é responsável por manter intactas, até hoje, muitas das centenárias tradições tribais. Têm o costume de proteger a pele com uma espécie de argila rica em óxido de ferro, que lhes dá a coloração avermelhada.

As Maravilhas de Angola - Floresta do Maiombe

Situada na província de Cabinda, é a segunda maior floresta do mundo. Com 290 mil hectares, árvores de 50 metros de altura e madeiras raras, abrigam uma fauna diversificada de chimpanzés, gorilas, elefantes e aves raras.

Não conhecia de todo!

As Maravilhas de Angola - Welwitschia Mirabilis

É uma planta rasteira que só existe no deserto do Namibe, na Namíbia e em Angola. Formada por um caule, uma enorme raíz e duas folhas apenas, pensa-se que esta planta possa viver mais de 1000 anos.

As Maravilhas de Angola - Semba

É um dos estilos musicais angolanos mais populares. Em quimbundo significa "umbigada", o que na dança se caracteriza pelo choque no encontro do corpo do homem com o da mulher. O semba emana ritmo, improviso e alegria africana.

As Maravilhas de Angola - Miradouro da Lua

A erosão provocada pelo vento e pelas chuvas curtas tropicais criou, a sul de Luanda, um invulgar fenómeno geológico: falésias esculpidas em camadas de tons ocre, criam uma imensa paisagem lunar em direcção ao mar.

Já aqui estive! ;)

As Maravilhas de Angola - Imbondeiro

O Imbondeiro é considerado uma árvore sagrada, inspirando poesias, ritos e lendas. É uma das árvores do mundo com maior longevidade, podendo chegar até aos seis mil anos.

Podemos encontrar paisagens cheias de Imbondeiros principalmente junto à costa.

As Maravilhas de Angola - Palanca Negra Gigante

A Palanca Negra Gigante, considerada o mais belo antílope do mundo, só existe em Angola e em número escasso, tendo sido eleito como símbolo nacional.

Feriado de 11 Novembro - Dia Independência de Angola

Hoje é feriado em Angola. É o dia de independência deste país que foi nossa colónia por um período de cerca de 500 anos. O processo de independência começou pouco depois do derrube do regime ditatorial vivido em Portugal no dia 25 de Abril de 1974. O governo português de então abriu negociações com os 3 principais movimentos de libertação de Angola, o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) que controlava Luanda e era apoiado pela URSS e por Cuba, a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), apoiada pelo Zaire e pela China e a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), principalmente apoiada pela África do Sul, mas também pelos EUA.

No dia 15 de Janeiro de 1975, foi estabelecido em Alvor no Algarve, o acordo assinado entre o governo português representado por Almeida Santos, então Ministro da Coordenação Inter-Territorial e os 3 principais movimentos que visou estabelecer a ocupação dos territórios de Angola e proceder à implantação de um regime democrático no novo país. O MPLA estava em vantagem, pois controlava a capital muito apetecida pelos outros dois movimentos, mas também Lobito e Benguela. Ficou-se com a sensação que a guerra iria ser iminente, principalmente devido aos países sedentos da divisão e ocupação do território rico em matérias-primas.

No dia 10 de Novembro de 1975, o Alto-Comissário e Governador-Geral de Angola, o almirante Leonel Cardoso, proclamou a independência de Angola, transferindo a soberania de Portugal para o "Povo Angolano" e não para um determinado movimento político a partir do dia 11 de Novembro. No dia seguinte, ouve-se a voz de cada um dos movimentos, Agostinho Neto pela MPLA em Luanda, Holden Roberto pelo FNLA no Ambriz e Jonas Savimbi pela UNITA em Nova Lisboa (Huambo).

Em 1976, as Nações Unidas reconhecem o MPLA como o representante legítimo de Angola, coisa que não  aconteceu nem com os EUA nem com a África do Sul, principalmente devido ao facto que o MPLA era apoiado pelas comunistas URSS e Cuba. O caos tinha-se instalado e durante todo este processo, cerca de 800 mil portugueses abandonam o país entre 1974 e 1976.

As Maravilhas de Angola - Rainha Ginga

"Rei" e não "Rainha" dos reinos do Ndongo e de Matamba, pois assim exigia ser tratada, foi uma enérgica guerreira que, no séc. XVII, reinou por mais de 40 anos. Ginga é ainda hoje admirada e reconhecida como uma das figuras mais emblemáticas da história de Angola.

Existe uma estátua da Rainha Ginga que creio que estivesse na Luanda portuguesa na antiga Praça do Kinaxixe, hoje em escombros para dar lugar a um novo empreendimento, dentro da Fortaleza de São Miguel. Vale a pena a sua visita. Mais tarde falarei da fortaleza.

As Maravilhas de Angola - Pensador de Tchokwe

Chamou-me à atenção os pacotes de açúcar da Delta que em Angola chama-se Angonabeiro. Trata-se de uma colecção de 10 pacotes que retratam as Maravilhas de Angola. Este pacote é do Pensador de Tchokwe. Vou transcrever o texto do pacote:

O "Pensador" é uma das mais belas esculturas de origem Tchokwe. Na figura de um ancião, representa a sabedoria e a experiência de longos anos, sendo hoje um símbolo da cultura nacional.

Seguem-se os outros 9.

A figura do Pensador é representada em várias peças de artesanato. Já comprei uma pequena figura e um porta-chaves com a sua forma.

Fruta da Época

O tempo está diferente. O cacimbo efectivamente passou e tudo parece estar mais irregular. Ora fica  nublado, ora chove ou faz um sol tórrido. Caminhamos para a chegada do clima tropical, onde estes fenómenos devem ser mais fortes e mais rápidos. Ainda não faz muito calor. Com a mudança do tempo, começa a aparecer a fruta da época. Tal como na nossa Primavera, chegam os morangos. Estes vêem do Huambo que dizem ter um clima muito parecido ao nosso. Talvez por isso se chamou outrora Nova Lisboa. O mamão está delicioso, tão bom quanto aquele que provei no Brasil. O ananás continua, desaparece o Maracujá. Lá se foram as óptimas caipirinhas do Caribe... :(